quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O Mundo, a Natureza, a Inteligência Infinita ou Deus - ou seja, como quer que você chame - segue uma lógica. Tal lógica é completamente diferente da nossa lógica (que por vezes nada tem de lógica). A lógica da fome, da sede, da necessidade de procriar, do impulso da vingança que se resume a xingar quando se machuca ou a bater de volta quando se leva um tapa, esta lógica é a lógica do Mundo ou da Natureza ou Inteligência Infinita ou Deus. "A loucura dos os homens é a sabedoria de Deus". Mas simplesmente porque traz equilíbrio e harmonia a tudo, não porque é instinto. E, óbvio, não se resume a aquilo.

E já que essa lógica é louca ou apenas diferente da nossa existem várias "loucuras" que podem ser feitas por nós através de Deus ou do Mundo ou da Natureza ou da Inteligência Infinita. Umas delas é dizer a uma árvore que se mova de um lugar a outro - lembrando-se sempre de que esta frase consiste numa metáfora.

Sobre a frase de locomoção da árvore, atenhamo-nos a ela.

Através do pensamento, do desejo ou da "obsessão" tudo se pode. Desta colocação é que provém frases como "tudo posso naquele que me fortalece" ou "pra Deus nada é impossível". Mas não é algo louco, é apenas algo da Natureza ou de Deus que existe e pouca gente sabe ou se importa ou credita/acredita. Uns chamam poder de Deus, outros Lei da Atração, outros de Sorte, outros destino e há quem chame de vários nomes; porém o princípio do pensamento vivo que é matéria e que viaja pelo mundo é algo secreto, é uma chave sagrada.

Nós humanos, entretanto, a tudo estragamos e tornamos o diamante em carvão.

Jesus vira um símbolo do dinheiro ou cruzadas, a bíblia sinônimo de ignorância e ambos são de fato o contrário: são instrumentos de libertação em todos os sentidos; mas só pros que leem nas entrelinhas, só pros chegados à metáfora.

E dessa embrulhada decorre o mais cretino dos acontecimentos: a torre de babel do conhecimento, a confusão mental confundida com a sabedoria, a real esquizofrenia que é pensar que o mundo é o que se vê a olho nú ou que aquilo do noticiário é a verdade absoluta; e por tudo isso - que é pouco - sofremos e sofremos e não sabemos por quê.

Ah, vida...




Não podemos partir, esperamos por Godot.

3 comentários:

  1. não sei como ninguém comentou esse texto, muito bem escrito por este que vos fala..

    amém

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  2. Comentei com vc que eu havia lido o texto. Gostei dele em parte, porque há, a meu ver, uma falha. Vc coloca a compreensão da Bíblia, por exemplo, como algo para iniciados na metáfora? Significa, então, que a leitura deve seguir à polissemia? Aí fica fácil para os enganadores; difícil para os que têm fé. E subjetiva para ambos.

    Abordar um tema como esse incorre em dois perigos: muitos não comentam porque vc já fechou questão quanto a fés e loucuras. Outros podem não comentar porque não alcançam a idéia central da postagem.
    Enfim, eu e Samuel Becket continuamos à espera da palavra final.

    Abraço

    Grijó

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  3. bom, a leitura bíblica é uma leitura capciosa, de fato. o tanto de anacronismos que se pode arrumar de um livro como Marcos é uma confusão tanto pros da metáfora quanto pros da fé.

    eu não daria uma bíblia a uma criança, por exemplo; porque acho que há muito sangue e violência.

    Enfim, a polissemia é bem vinda em qualquer leitura; o problema é que pode ser usada por propósitos do mau, a meu ver "mau".

    daí a minha vontade de não dar a bíblia a qualquer um, só pros chegados à metáfora; pois é menos perigoso. é ainda perigoso.

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