domingo, 21 de março de 2010

The Death of the Author/ La Mort de l'Auteur/ A Morte do Autor - por mim, não por Barthes


Nada é tão interessante quanto o que "disse Barthes", até porque de acordo com o mesmo não existe tal conceito, conceito que parte da premissa de que "não existe autor, apenas o momento de se escrever" (enutiation, em Inglês)

Em 68 quando foi escrito o texto de Barthes de título La Mort de L'Auteur fico a imaginar as caras e bocas daquele tempo, pois hoje ainda vejo narizes torcidos e bocas inquietas. "Diz o texto, (o texto não diz quem diz é o leitor o qual ainda assim não é o leitor-pessoa e sim o 'momento de leitura') "esqueçam o autor, este é apenas uma figura advinda do modo de produção desumano burguês; o que importa é a obra (até meados do XVII não havia foco em quem tinha escrito a obra e sua sua validez, a validez do texto)" [paráfrase], "porque até mesmo, com a morte do autor, morrem os críticos, e existe, portanto, o texto e a leitura". É ou não é um chute no estômago? Mas ainda assim um belo chute no estômago (com uma cuspida na cara seguida de uma risada maléfica - e sou eu o autor de tudo isso, eu e você) [paráfrase].


O texto quer apenas contradizer essa superestima tendenciosa que temos de valorizar o autor em detrimento à obra. "To lendo Machado", diz Joaninha, mas ela tá lendo é a porra do texto de título Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Houve essa tendência entre esses filósofos franceses do XX de querer voltar aos bons tempos em que o nome do autor não importava.

Há pessoas que quando descobrem, for instance, que há estudos baseados em documentos dos quais pode-se tirar conclusões de que a figura de nome Shakespeare não existiu param de ler sua obra e deixam de dar credibilidade à obra de Shakespeare - e eu conheço algumas delas.

Enfim, esqueçam quem escreveu, mas leiam a obra.

Podem até dizer que eu falo de autores, mas não tenham a impressão errada: só falo do que li e estou a ler e quando me refiro a um autor é porque já conheço um tanto da obra ou toda e daí faço apenas uma relação "autor-obra" metonímica.


Portanto, não se esqueçam, é feio falar de autor sem conhecer a obra! Esqueçamos os autores e leiamos suas obras com o maior deleite possível porque não há maior deleite do que o ato da leitura.


Disco de recomendação é Sonny Side Up com Sonny Rollins e Sonny Stitt e Dizzy Gillespie!



Amor É Lei, Amor sob Vontade.

Um comentário:

  1. Inevitavelmente, amigo Caio, entra-se no dilema: sem o autor como haverá a obra? Metonímias são fatos da linguagem, de modo que "ler Machado" é plausível e justo, penso eu. Os franceses, claro, querem a morte de tudo. Talvez seja resquício da revolução do século XVIII, ou do sangue derramado na Argélia, Senegal e outras paragens.

    E :Rollins, Gillespie e Sttit, hem? Foi um dos primeiros discos que comprei, álbum duplo da Verve. Capa pintada com a cara do trompetista de óculos. Genial!

    Abraço.
    Grijó

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